Domingo, como vocês sabem, é dia de um convidado no blog. E o de hoje é de muita honra e responsabilidade para mim. Muitas vezes jornalistas em início de carreira acham chato ficar ouvindo histórias dos que têm mais cancha na profissão. Erro. Aprende-se muito dessa forma mesmo que os tempos sejam diferentes. O assunto abordado hoje é o jornalismo investigativo e quem o fará se descreve como um homem de 57 anos, dos quais 39 dedicados ao jornalismo, com uma cabeça de 30 e muita história para contar. Ele é Lúcio Natalício ou simplesmente Natal. Aos 15 anos de idade já tinha sede por apuração. Orgulha-se de ter conhecido o melhor e o pior da profissão, passando pela repressão da Ditadura Militar, onde por várias vezes teve uma arma apontada para sua cabeça, e pelos problemas sociais. Atualmente no Jornal O Dia, continua sendo crítico das mazelas do povo. O caso mais relevante ocorreu durante uma cobertura no ano de 1988. Um jovem era mantido refém em uma mansão em Teresópolis. Natal ofereceu-se para ficar no lugar. Acabou sequestrado por sete horas.
Natal na redação do Jornal O Dia |
A seguir trechos de um polígrafo com pequenas dicas para quem está começando que recebi dele e devorei.
“ A reportagem de polícia é a maior escola de jornalismo. Quem passa por ela está apto para qualquer editoria.”
“A escuta é o coração do jornal e, se não estiver ocupada por um bom profissional,o risco de tomar um furo é muito grande”.
“ O primeiro passo para um repórter recém-formado ou estagiário ao entrar para uma redação é comprar uma agenda para armazenar contatos e fontes”.
A seguir um texto escrito pelo próprio Natal (www.oblogdonatal.blogspot.com), especialmente para este blog:
O jornalismo investigativo é o grande filão para garantir a vendagem da mídia impressa e aumentar a audiência nos programas das emissoras de televisão. As denúncias escorrem como água, mas muitas vezes são pouco investigadas pelas autoridades processantes, fazendo com que algum tempo depois sejam esquecidas ou deixem de ser investigadas. Muitas dessas notícias saem da mídia depois que outro caso é descoberto e ocupa o espaço da reportagem anterior.
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A liberdade de imprensa depende da boa vontade do patrão, ensinava o saudoso jornalista Mecenas Cordeiro, que nos anos 70 era secretário de redação do jornal O Globo. Sonho dos recém-formados em jornalismo, os jovens encontram uma outra realidade nas redações. De acordo ainda com Mecenas, para se ter realmente liberdade de imprensa somente lançando um jornal.
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Desde o final da década de 60 o país vivia uma sombria ditadura militar e hoje estamos vivendo uma ditadura econômica. Ou seja, interesses de publicidade levam a mídia a se omitir em relação de matérias contra prefeitura, governo do estado e governo federal, que injetam fortunas em anúncios governamentais. Isso interfere no jornalismo, cujos profissionais são obrigados a trabalhar convivendo com a censura silenciosa.
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Convém lembrar, que o grande jornal carioca Correio da Manhã fechou as portas. Motivo: fazia resistência ao golpe militar e os carrascos na época do governo proibiram que o jornal recebesse publicidade com ameaças de sanções para quem anunciasse.
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