quarta-feira, 27 de julho de 2011

Temos isso?

A pergunta que os chefes de reportagem e redação mais fazem quando veem a concorrência se dar bem é TEMOS ISSO? Pois se hoje me fizessem essa pergunta eu responderia não, não temos isso. Vocês perceberam que passei dias sem postar nesse blog. Aliou-se a falta de tempo com a falta de criatividade. Passei esses últimos dias pensando em como não acabar com este espaço. Afinal foi um mês em que, diariamente, eu contei as experiências vividas no Rio de Janeiro, na redação do jornal O Dia. E foi mesmo uma etapa inesquecível que rendeu lições para minha carreira, lições que compartilhei e aquelas pessoais. Sempre fica a sensação de que podia ter feito mais, contado mais, experimentado mais.



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Agora a luta continua. De volta ao Rio Grande do Sul e a realidade, chega a hora de bater nas portas, disparar currículos. Sei que muitos que leem este blog também vivem ou viveram recentemente isso. E como é árduo. Você dorme e acorda pensando: estou desempregada e sem perspectiva. Cada fim de semana e feriado é um tormento. São dias a menos para batalhar. Surge uma vaga aqui, outra ali, uma ligação acolá, centenas de e-mails e nada. Daí começa o questionamento: qual meu erro ou o que me falta? E como é difícil o tal temos isso heim? Estamos no ar!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

The End

Todo episódio tem um final e o meu seriado jornalístico na Cidade Maravilhosa termina hoje. Foram capítulos felizes, com atores diferenciados a cada dia, cenas inéditas e as repetidas. Foram muitos bueiros, delegacias, idas ao subúrbio e ao Centro. Foram muitos almoços com as equipes, regados a discussões sobre a profissão e as besteiras costumeiras. Foram muitos palavrões a moda carioca. Como coadjuvante, observei todo o desenrolar nos bastidores e aprendi muito sobre o lado bom e o ruim.

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Hoje terminei praticamente como comecei: com o motorista Mário (que me buscou no aeroporto), com o repórter Diogo Dias (da pauta de frio no calor) e com o repórter fotográfico Fábio Gonçalves (da mesma pauta furada e do Morro Danon) e em pauta de bueiros. Já estou com saudade de todo chão de fábrica, do bom-humor matinal e do charme carioca. Fica meu agradecimento e grande beijo a todos, principalmente os que não me despedi pessoalmente. Não vou citar para não esquecer de ninguém mas vocês sabem que moram no meu coração. Espero todos lá no Sul. Estamos no (fora do) ar!

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Para começar  bem o meu último dia no Rio de Janeiro e para começar bem, também, a manhã de vocês.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dois dias em um

Ontem, nunca se começa uma reportagem com essa palavra. Se é ontem ou é suíte (desdobramento do fato) ou é velho e se é velho não é notícia. Acontece que ontem eu fiquei em dívida com os leitores do blog. Não postei uma linha. O motivo? Estava doente. Uma gripe veio me derrubar. Deve ser fruto dos excessos do fim de semana. Mesmo estando mais para lá do que para cá fui à redação. Eu, o repórter Francisco Edson, o repórter fotográfico Alexandre Vieira e as equipes do Jornal Extra e Profissão Repórter, tomamos um chá de cadeira em frente a Corregedoria da Polícia Civil. Esperávamos pela perita que atestou ser de uma menina o corpo que na verdade era do menino Juan, aquele caso que vocês certamente acompanham. Com uma dor de garganta insuportável só sei que escureceu tudo. Pressão baixa. Foi necessário sal e água gelada para me reanimar. Sim, os coleguinhas (jornalistas) são solidários.

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Hoje, já recuperada, cheguei cedo na redação. A pauta seria um tanto quanto sinistra: denunciar vans de transporte ilegal em Campo Grande e Ilha do Governador, com o repórter Diogo Dias (que reclamou não conseguir comentar neste blog). Após uma conversa o chefe de reportagem achou que seria perigoso para mim. Fui para uma pauta de polícia em Niterói, Região Metropolitana, com a repórter Isabel Boechat e o repórter fotográfico Paulo Araújo.

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O CASO: Por volta das 6h da manhã o cirurgião vascular Nelson Vieira, 60 anos, foi baleado na boca enquanto dirigia por uma rua de Niterói. Mesmo ferido ele conseguiu dirigir até um hospital próximo. Pouco mais de 6h depois, policiais da 77º DP efetuaram a prisão de três suspeitos no mesmo local do crime. Uma denúncia anônima dava conta de que um veículo com mesma placa de onde surgiu o disparo estava próximo ao local. Na abordagem as várias contradições e o fato de estarem armados levou a detenção. Um dos envolvidos é bombeiro e supostamente com ligações com a milícia. Os suspeitos confessaram que foram pagos para cometer um crime e além das armas possuíam luvas, algemas, cordas, faca, maquina fotográfica, celulares, entre outros. A investigação segue apurando se o médico foi baleado por engano, já que a descrição do alvo dos acusados é outra.

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O que tenho aprendido nesses últimos dias de mais relevante e que quero compartilhar com vocês é que as equipes de reportagem se ajudam na rua. A concorrência fica para o corporativismo das empresas. As conversas nos almoços também são lições para mim.  E como gostam de contar histórias heim? Penúltimo dia e já estou na saudade. Na sequência um vídeo feito no momento da chegada dos suspeitos a DP. Estamos no ar!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mais um da série bueiro-vulcão

É sério. Vocês já estão cansados de ver a história dos bueiros neste blog. A questão é: se vocês estão cheios disso, imaginem quem vive no Rio? As pessoas estão com medo de andar pelas ruas da Zona Sul e Centro. Hoje saimos cedo da redação. Eu e o repórter Diogo Dias íamos rumo a Santa Tereza encontrar  fotógrafo para a pauta do arrastão a um hotel de luxo na noite de ontem. Andamos alguns metros e o telefone chamava rumo a Botafogo. Acreditem. Mais um bueiro da Light foi pelos ares.

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Na pacata rua residencial de Botafogo, Zona Sul, um prédio com vidros quebrados, uma moto caída e amassada, moradores em pânico. A vítima, já encaminhada ao hospital, era um pedreiro que chegava para trabalhar na cobertura do prédio e foi "erguido" pelo bueiro, registrando uma fratura na mão esquerda. Conversando com moradores os relatos eram de medo. O prédio tremeu, alarmes dispararam, barulho muito forte e cheiro de gás. Caso da dona de casa Layde Gomes da Silva, 72, moradora do quarto andar. Ela estava em casa, com a irmã, quando a luz começou a cair. Intrigada e com receio de um curto-circuito, desceu para falar com o porteiro. Não deu tempo. O barulho da explosão fez o prédio tremer. "Foi muito forte. Pretendo juntar algumas coisas e ir com minha irmã para a casa de uma sobrinha. Dormir esta noite só com calmantes", afirma. Em caso de perdas materiais ela pretende processar a Light.

Layde aponta para os vidros quebrados com o impacto
Técnicos vistoriaram o local e mais bueiros foram interditados por ter potencial explosivo. De abril até agora, pelo menos 14 bueiros já ganharam status de vulcão. Para os projetos de jornalistas a lição de hoje é: a pauta sempre pode mudar no caminho conforme o factual e chefias tem de se virar para adequar tudo. No nosso caso precisaram mandar um fotógrafo, o Fernando Souza. Veja a seguir cenas do bueiro-vulcão de Botafogo.


domingo, 17 de julho de 2011

E tem gente que desiste na primeira dificuldade...

As melhores coisas da vida costumam acontecer quando menos esperamos. Foi assim que conheci a história do fotógrafo Severino Silva. Sentada na redação, lendo pacatamente os jornais, fui apresentada pelo chefe de reportagem a um mestre da fotografia com a dica “entrevista ele. É o cara!”. Não pensei duas vezes. Sentamos em um canto da redação e começamos a conversar. Com um jeito tímido e uma humildade elogiável, Severo, como é conhecido entre amigos, começou a me contar sua história. Já na infância,vida humilde no interior da Paraíba, ele demonstrava o dom da fotografia. E era dom mesmo. “Quando era pequeno, ficava olhando as nuvens e as figuras que elas formavam. Via minha vó varrer a casa de chão batido e coberta com palha e achava lindo o contraste da poeira com a luminosidade que entrava. A noite, como não tinha luz elétrica, eu ficava vendo as estrelas naquela escuridão e o vento balançar as folhas de bananeira, formando belas figuras”, relata.




Ainda pequeno mudou-se para o Rio de Janeiro. Trabalhou em diversas funções e locais. O primeiro contato com o Jornalismo foi no jornal O Globo, onde começou como auxiliar administrativo. Como não tinha dinheiro para comprar livros sobre Fotografia, nas horas vagas era nas bibliotecas que ele buscava conhecimento. Aliando a teoria,com os conselhos práticos de fotógrafos profissionais e a paixão, hoje já são quase 20 anos de profissão. Severo já conquistou muitos prêmios, dentre eles o Nikon (91/92), o 6º Salão de Fotografia e o Líbero Badaró. Especializado em fotojornalismo policial é um dos repórteres fotográficos mais respeitados do país. Confira a seguir os relatos deste profissional em vídeo. Estamos no ar!


sábado, 16 de julho de 2011

Dada a largada para a saudade

"Tiro o seu sorriso da minha frente que eu quero passar com a minha dor". Sim, eu estou dramática. E esse trecho da canção A flor e o espinho serve para enriquecer a hipérbole. Foi dada a largada para a última semana no jornal O Dia. Não sei vocês mas eu odeio despedidas mas na próxima quinta-feira terei de fazê-lo. Creio que fiz muitas amizades e a troca de conhecimento com profissionais que estão no jornalismo quase que o mesmo número de anos que tenho, não tem preço.

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As pautas foram desde Zoológico, passando pelos bueiros-vulcão, os problemas estruturais do Rio, até os de polícia como o Caso Juan. Fui para a rua com quase todos repórteres e repórteres fotográficos, meus maiores incentivadores. Setirei saudades de tudo: do calor do povo carioca, do bom-humor, da cerveja informal, dos almoços com as equipes, das discussões e impasses nas pautas, das brincadeiras, dos paparazos. Guardo com carinho cada imagem e espero ter proporcionado a vocês, leitores, a mesma sensação de descoberta que tive. Foi meu primeiro contato com o impresso e pude tirar boas lições disso para minha carreira. Nostalgia feelings. A seguir imagens de alguns momentos por aqui. Eu sigo contando 5, 4, 3... Estamos no ar!

Zoo do Rio - motorista Carlos, repórter Diogo e fotógrafo Fábio (Ralado)
Foto: Fábio Gonçalves

Comunidade Danon com policiais no Caso Juan
Foto: Fábio Gonçalves


Prozuzindo para o blog - Conexão Leitor em Deodoro
Foto: Carlo Wrede

Lanche em Marechal Hermes - estagiária Paloma e motorista Fábio
Foto: Carlo Wrede
Com o Élcio Braga brincando de TV O Dia
Foto: Paulo Alvadia

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tensão

Hoje eu nem deveria postar. Grande parte das coisas que aprendi não posso postar por questões de ética e respeito. Mas não achei justo com quem lê o blog. Hoje sai com o repórter Diogo Dias e o repórter fotográfico Paulo Araújo (aquele que me chama de tchê). Fomos rodar a cidade em busca de flagras de vans que fazem transporte irregular. Circulam em condições mínimas e a identificação não é difícil. Não tem a pintura adequada, placa cinza e não tem selo de licenciamento. A pauta era tensa. Desde o último domingo o jornal O Dia vem denunciando táxis ilegais que atuam na Zona Norte. Então o pessoal já anda desconfiado. O pior era verem a câmera e tentar fazer algo contra nós. Cuidado e prudência fazem bem nessa hora.

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Rodamos imediações da Rodoviária e Centro. Nada. Na Zona Norte marcamos ponto em Pilares e fizemos alguns flagras. Seguimos uma kombi irregular até o Complexo do Alemão. Fotos feitas e o motorista nem percebeu. Novos flagras em Bonsucesso. Já mencionei que muita coisa que aprendi na conversa com a equipe são em off mas o que posso dizer que quando alguém quer uma pauta não adianta discutir. Tem de ir lá e fazer acontecer, mesmo que esteja difícil. Não fiz foto nem vídeo de nada disso óbviamente para não dar bandeira com mais uma câmera mas você pode fazer um tour pelo Alemão nesta animação http://multimedia.odiaonline.net/ . Estamos no ar!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A arte de observar: lições para estudantes

Passei a manhã toda na redação só observando como vai se desenrolando a edição do dia seguinte de um impresso. A escuta fica monitorando sites, e-mail, rádios e ligações e vem sugerir as pautas para o chefe de reportagem. É ele que vai bater o martelo e passar para o repórter correr atrás. Depois da apuração vem os retornos e a pauta se encaminha.

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Resumo de hoje: por volta das 9h chegou a informação de que na Tijuca, Zona Norte, havia uma granada na rua. O Esquadrão Antibombas isolou a área e detonou o artefato. Quase de forma simultânea veio a informação de que no estacionamento do Aeroporto Santos Dumond também haveria explosivos em um dos carros. Da mesma forma o Antibombas isolou a área e cães farejadores foram usados para vistoriar os veículos estacionados. A tarde saí com o repórter fotográfico Carlo Wrede ao encontro da repórter Fernanda Alves e do repórter fotográfico Alessandro Costa, no local desde cedo. Por volta das 19 horas veio anúncio de que a denúncia provavelmente foi um trote ao Disque Denúncia. Gente desocupada é absurdo mesmo.

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Nesse meio tempo conversei com a repórter Fernanda Alves sobre a importância do estágio para a carreira do estudante e para definir os rumos a serem seguidos após a conclusão do curso. Ela começou como estagiária no O Dia. Ficou dois anos nesse posto, tempo limite para o estágio. Saiu, foi para um jornal de Niterói e voltou no começo deste ano como contratada. No jornal O Dia estagiários têm status de repórter. Fazem pautas da mesma forma que os contratados mas com assuntos digamos menos polêmicos. Em vários locais é assim e a prática permite ao estudante “experimentar” de fato a profissão. Nessa hora sair com equipes experientes também é fundamental. Quando se é foca, ouvir quem é colega e está por aí faz tempo não é só ser humilde. É aprendizado puro. Confira a seguir a entrevista que fiz com a Fernanda. Estamos no ar!


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma cidade de contrastes

O Rio de Janeiro é uma cidade de contrastes. Geografia privilegiada. Ricos e pobres a centímetros um do outro. Favela e mansão coexistem no mesmo espaço. Há espaço para todos e não há como viver estressado. Hoje mesmo, a pauta era na Barra da Tijuca. Longe de tudo e perto do paraíso. Junto com o repórter Francisco Édson e o repórter fotográfico Alexandre Vieira, fui acompanhar a investigação sobre a morte do cineasta Emiliano Ribeiro, encontrado morto ao lado do corpo da mulher, a redatora Karla Hansen, no apartamento em que moravam. A suspeita é que ele teria sofrido um infarte e ela ao vê-lo desacordado teria entrado em choque. Vizinhos desconfiaram a falta de movimentação e chamaram a polícia. Karla foi levada ao hospital e não resistiu.

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Primeira parada: Cemitério do Caju. Um dos mais movimentados do mundo, com cerca de 40 enterros diários. Até ali notam-se os contrastes. Parte rica com grandes manzoléos e a pobre com cruzes cravadas no chão. Nada de corpos, então partimos para a Delegacia de Homicídios da Barra. Pelo caminho muitas mansões e o bairro Alto da Boa Vista. Reduto de residências de famosos, m² caro, muito verde e vistas espetaculares. Nada na delegacia. Partimos para a outra delegacia. Nada. Até achávamos que era barriga (falsa notícia) mas depois confirmou-se a história. Pausa para almoçar. O lugar? Indescritivelmente lindo. Praia dos Amores, em um quiosque de pescadores, peixe fresco e um mar transparente, regado a uma brisa agradável do dia quente que fez hoje. Não há como ficar estressado aqui. Quem estressar tem algum problema.

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 Na volta passamos pela Rocinha, a maior favela do mundo. Novos contrastes. Do outro lado do túnel o bairro chique da Gávea, Lagoa Rodrigo de Freitas e novas paisagens de encher os olhos. Perceberam que o trabalho foi quase que irrelevante diante de tanta disparidade? Prova de que é possível tabalhar com prazer. Veja imagens da Praia dos Amores e da Rocinha. Estamos no ar!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Da maconha à educação

Literalmente isso resume meu dia. Comecei com a repórter Isabel Boechat e o repórter fotográfico Paulo Alvadia, rumo ao Andaraí. Fomos para a inauguração de uma creche onde estariam o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o secretário de segurança José Mariano Beltrame. Na verdade o tal evento era a última de nossas intenções. O que interessava é perguntar várias outras coisas ao secretário Beltrame. Lição número 1 do dia: use a esperteza para perguntar o que quer quando a pessoa nem imagina que você vai fazê-lo. Atrasados e a Lei de Murphy colaborando com obras e um caminhão na frente, perdemos a pauta. Trancados na rua, vimos todo mundo descer e ir embora. Fazer o que? Partimos para a próxima.

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Era a apresentação na Delegacia de Combate as Drogas (DCOD), no mesmo bairro, do segurança de um traficante do Morro do Chapadão. Na ação, os agentes apreenderam dois fuzis calibre 762, um fuzil G3 com apoio, uma pistola 380, uma pistola 9mm, duas granadas, 152 embalagens de maconha, 265 de cocaína, 157 de crack, 61 de maconha hidropônica, além de 105 munições variadas. Ainda foram recuperadas quatro motos e dois carros utilizados pela quadrilha. Detalhe curioso: as drogas eram endoladas em outras comunidades e já vinham prontas para o Chapadão. Seria uma espécie de terceirização do tráfico. A repórter Isabel conta suas experiências na reportagem policial no vídeo a seguir:


Virando a página, a parte da tarde foi dedicada a Educação. Junto com a repórter Maria Luisa Barros e o repórter fotográfico Carlo Wrede fomos acompanhar um protesto dos professores da rede estadual do Rio de Janeiro em frente a Secretaria de Educação. Eles estão em greve desde o último dia 20 e reivindicam 26 % de aumento no salário. Em reunião com autoridades nesta tarde ficou marcada nova reunião para quinta-feira. Os manifestantes ficarão acampados na frente do órgão até a data. Lição número 2: chegamos por volta das 15hs e o lead da matéria só saiu às 20h. Foi muita espera. Jornalismo também tem dessas.
Foto: Carlo Wrede

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A profissão em um clique

Hoje a saída com a reportagem não teve muitas novidades. O assunto: bueiros. Ultimamente só falo neles, então vamos mudar o foco. Não existe boa reportagem sem boas imagens certo? E quem é o responsável por elas? O fotógrafo, óbvio. Pelas universidades a fora existem muitos estudantes de Jornalismo apaixonados pela fotografia. Para essas e para outros que admiram ou praticam de forma amadora esta arte, entrevistei o repórter fotográfico do jornal O Dia, Carlos Moraes. Com 30 anos de profissão, sendo mais de 20 no mesmo veículo, ele revela-se apaixonado pelo que faz. Especializado em cobertura esportiva, já conquistou vários prêmios de fotojornalismo. Em quatro perguntas básicas, feitas durante nossa pauta, ele conta como começou e fala de fotografia com sua técnica e paixão.

ON AIR: Como você começou nessa profissão?
Moraes: Comecei como laboratorista, que é aquela pessoa responsável por revelar os filmes (antigamente era filme fotográfico). Eu revelava, passava as fotos para o editor cortar e copiava. Comecei a gostar de imagens e despertou meu interesse. Um dia meu chefe na época chegou, alcançou dois filmes, de 24 poses, rebobinado, uma câmera e uma lente e me mandou para um treino do Flamengo. E o Flamengo naquele tempo era um timaço, com Zico e companhia. Cheguei lá com aquele receio de iniciante e não tive vergonha de pedir ajuda aos fotógrafos experientes. Deu certo. Está dando até hoje.

ON AIR: O que representa a fotografia na sua vida?
Moraes: Puxa, boa pergunta. É amor, paixão. É deixar a foto vir até você. É ter um olhar clínico para saber que aquilo vai dar um boa foto, produzir. É uma arte e não somente disparar e depois apagar. Sou fotógrafo 24 horas por dia. Já viajei para vários lugares por esta arte.

ON AIR: Qual foi o seu melhor clique?
Moraes: Fotógrafos vivem de sorte. As vezes uma pauta furada pode render a imagem da sua vida. Eu estava fazendo uma matéria sobre os cães farejadores, sobrevoando comunidades em um helicóptero, quando flagrei policiais rendendo e executando dois jovens no Morro da Providência. Foi sorte estar lá. Esta imagem me rendeu vários prêmios, entre eles o Esso, o Embratel e o Vladimir Herzog.


A premiada foto no Morro da Providência

ON AIR: Quais suas dicas para quem está começando no fotojornalismo?
Moraes: De maneira geral estar atento. Um fato importante não pode ser repetido. Você não pode pedir para o atacante repetir o gol. Aconselho perder o vício de ficar olhando o visor da câmera. Antigamente isso não era possível e as imagens eram geniais. Em termos técnicos, para quem esta começando, há coisas básicas: ter uma câmera semi-profissional, noções de edição e de fotografia e saber regular a luz. Isso é fundamental. Não esqueçam: câmera é igual roupa. Tem de se estar com ela sempre.

domingo, 10 de julho de 2011

Lições de Jornalismo Investigativo

Domingo, como vocês sabem, é dia de um convidado no blog. E o de hoje é de muita honra e responsabilidade para mim. Muitas vezes jornalistas em início de carreira acham chato ficar ouvindo histórias dos que têm mais cancha na profissão. Erro. Aprende-se muito dessa forma mesmo que os tempos sejam diferentes. O assunto abordado hoje é o jornalismo investigativo e quem o fará se descreve como um homem de 57 anos, dos quais 39 dedicados ao jornalismo, com uma cabeça de 30 e muita história para contar. Ele é Lúcio Natalício ou simplesmente Natal. Aos 15 anos de idade já tinha sede por apuração. Orgulha-se de ter conhecido o melhor e o pior da profissão, passando pela repressão da Ditadura Militar, onde por várias vezes teve uma arma apontada para sua cabeça, e pelos problemas sociais. Atualmente no Jornal O Dia, continua sendo crítico das mazelas do povo. O caso mais relevante ocorreu durante uma cobertura no ano de 1988. Um jovem era mantido refém em uma mansão em Teresópolis. Natal ofereceu-se para ficar no lugar. Acabou sequestrado por sete horas.

Natal na redação do Jornal O Dia

A seguir trechos de um polígrafo com pequenas dicas para quem está começando que recebi dele e devorei.

“ A reportagem de polícia é a maior escola de jornalismo. Quem passa por ela está apto para qualquer editoria.”
 “A escuta é o coração do jornal e, se não estiver ocupada por um bom profissional,o risco de tomar um furo é muito grande”.
“ O primeiro passo para um repórter recém-formado ou estagiário ao entrar para uma redação é comprar uma agenda para armazenar contatos e fontes”.

A seguir um texto escrito pelo próprio Natal (www.oblogdonatal.blogspot.com), especialmente para este blog:

O jornalismo investigativo é o grande filão para garantir a vendagem da mídia impressa e aumentar a audiência nos programas das emissoras de televisão. As denúncias escorrem como água, mas muitas vezes são pouco investigadas pelas autoridades processantes, fazendo com que algum tempo depois sejam esquecidas ou deixem de ser investigadas. Muitas dessas notícias saem da mídia depois que outro caso é descoberto e ocupa o espaço da reportagem anterior.

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A liberdade de imprensa depende da boa vontade do patrão, ensinava o saudoso jornalista Mecenas Cordeiro, que nos anos 70 era secretário de redação do jornal O Globo. Sonho dos recém-formados em jornalismo, os jovens encontram uma outra realidade nas redações. De acordo ainda com Mecenas, para se ter realmente liberdade de imprensa somente lançando um jornal.

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Desde o final da década de 60 o país vivia uma sombria ditadura militar e hoje estamos vivendo uma ditadura econômica. Ou seja, interesses de publicidade levam a mídia a se omitir em relação de matérias contra prefeitura, governo do estado e governo federal, que injetam fortunas em anúncios governamentais. Isso interfere no jornalismo, cujos profissionais são obrigados a trabalhar  convivendo com a censura silenciosa.

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Convém lembrar, que o grande jornal carioca  Correio da Manhã  fechou as portas. Motivo: fazia resistência ao golpe militar e os carrascos na época do governo proibiram que o jornal recebesse publicidade com ameaças de sanções para quem anunciasse.

ENTREVISTA: Conheça a TV O Dia

 Toda pessoa bem informada certamente se recorda da "tragédia de Realengo", aquela onde um jovem invadiu a escola Tasso da Silveira, no Rio, e atirou contra várias crianças. E vocês também devem se recordar que as primeiras imagens do atirador recarregado a arma do crime no corredor estavam com a logomarca da TV O Dia. Eu, como apaixonada por tudo que envolve vídeo, fiquei curiosa em saber que veículo era esse. Fui a internet e para minha surpresa descobri que se tratava de uma webtv do jornal O Dia, justo aquele em que eu iria estagiar. Esta semana conheci o profissional que edita, produz, reporta, faz tudo para este veículo. Confiram a seguir uma entrevista com o Élcio Braga.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Minha vida no bueiro

Vocês já repararam que todo dia eu falo nos tais bueiros da Light. Para quem está fora do Rio de Janeiro pode até ser incompreensível mas aqui o problema está grave. Imagine andar na rua com medo de ser levados aos ares por um bueiro? Pois é assim que observei os pedestres do Centro hoje. Pessoas desconfiadas, esquivando-se e perguntando se mais algum explodiu. Quando viam a movimentação dos representantes da Light ( a companhia energética daqui) e de técnicos do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), que  realizavam uma vistoria nos bueiros que já explodiram, aí sim o olhar era uma mistura de pânico e indignação. E é para ter receio mesmo.

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Só para ter ideia hoje foram vistoriados 18 bueiros com um aparelho usado para medir a capacidade explosiva, o tal explosímetro. O apito deu conta de que em cinco deles, foi há 100% de chance de ocorrer uma explosão caso alguma centelha seja acesa próximo. Em sete bueiros, a chance de explosão varia de 60% a 80% e em cinco, não foi encontrada nenhuma alteração. Isso se deve à presença de gás nas galerias. Aí Light empurra pra CEG (Companhia Estadual de Gás) e vice-versa.

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Os cariocas se perguntam até quando esse problema vai continuar. Anteontem fui a Niterói encontrar uma vítima do bueiro. Ela está traumatizada. Não quer mais botar os pés no Rio, está com a coluna machucada e com ouvido tampado. Vai processar a Light. E deve mesmo porque quem paga essa conta? E o trauma? A seguir vídeo da vistoria de hoje. Estamos no ar!

Equipe de hoje: Felipe Freire (repórter) e Alexandre Vieira ( fotógrafo)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Chuva de braços abertos

Hoje a história começou igualzinha a ontem. Saí com exatamente a mesma equipe para fazer pauta de bueiro da light prestes a explodir. Virou rotina. Desta vez foi muita fumaça saindo de um bueiro no Leblon. De lá saímos rumo ao Corcovado. Não. Não fomos fazer turismo no Cristo Redentor até porque chovia muito e com a neblina não dava para ver absolutamente nada. Estava tão molhado que nem nosso carro de reportagem subiu a entrada do Cosme Velho. Nem o nosso nem dos outros veículos. Achei super mal planejado. Se é uma entrada tradicional para um ponto mais do que turístico por que não substituem os paralelepípedos por asfalto? A solução foi dar a volta e subir por Santa Tereza. E sobe, sobe.

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Daí você chega na bilheteria e mesmo sendo imprensa tem de desenbolsar os R$ 25,75. A assessoria não te atende e eles não dão nota fiscal. Você sobe numa van que te leva aos pés do Cristo onde há uma escada rolante quebrada. Mas voltemos a pauta. A ONG Rio de Paz estava estendendo uma faixa com os dizeres "quem matou Juan?" em referência ao famoso e ainda intrigante caso do menino de Nova Iguaçu. Turistas de Goiânia e Brasília, convidados a  participar, ajudaram a segurar o cartaz. Estava muito frio, chuva, neblina como vocês vão ver no vídeo a seguir. A lição? A notícia não tem hora, nem lugar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Antes tarde do que nunca

Eu sei. Estou devendo o post de ontem. A internet não permitiu mas hoje descreverei os dois dias. Ontem passei a manhã inteira a espera de repórter e pauta. Ser “carrapato” não é fácil. Então aproveitei para filmar e mostrar a redação para vocês. Estava vazia porque era de manhã. De tarde, quando vem o fechamento e há maior número de repórteres, fica lotada como qualquer outra descrita nos livros universitários. Em termos geográficos, está no bairro Cidade Nova, uma região revitalizada do Rio. Toda espelhada, tem vista para o metrô, comunidade São Carlos e dá até para ver o Cristo Redentor. No local também funcionam outros veículos impressos do Grupo Ejesa. Acompanhe comigo.



A tarde saí com a estagiária Paloma Savedra, o repórter fotográfico Carlo Wrede e o motorista Fábio Carlos. Fomos fazer uma coluna chamada Conexão Leitor, publicada aos domingos. Nela o jornal vai até os bairros ver os problemas que a população enfrenta e fazer imagens disso. Na redação é contatado o órgão responsável pela questão reclamada, para dar a sua versão do fato. O caso de hoje era o bairro de Deodoro, zona oeste,onde neste sábado começam os Jogos Mundiais Militares. Incrível como o Estado falta nesses locais. Asfalto esburacado, pontos de ônibus lotados, lixo, boeiros destampados, sucatas de carro abandonadas nas calçadas, luz acesa de dia. A Paloma não quis me dar entrevista mas mandou dizer que todo mundo deve estagiar até para saber se é o que quer ou não.

Wrede fotografando o descaso com lixo
Vamos ao hoje. Todos sabem que os bueiros da Light estão atormentando os cariocas. Todo dia explode um. Novamente com a estagiária Paloma e com o fotógrafo Fábio Gonçalves fomos registrar a movimentação no local das cinco explosões de segunda-feira, no Centro. Ainda há cheiro de gás no local e muito medo de todos que passam por ali e por toda cidade.

Bueiro na Rua da Assembleia - Centro
 
Fotos feitas fomos para uma pauta mais light: verificar a situação do mar e da freqüência das pessoas na praia com esse friozinho que faz por aqui. Rodamos Copacabana, Leblon, Ipanema e Arpoador. Clima bom demais para ficar por ali mas era trabalho né? De volta a redação daí com o Fábio rumo a Niterói. Fomos conversar e fazer fotos de uma das vítimas do bueiro. Totalmente traumatizada,cheia de sequelas. Até quando isso? Estamos no ar!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Caso de polícia

Hoje a pauta era caso de polícia, literalmente. A meta era recuperar uma história da madrugada. Uma tentativa de homicídio ocorrida em uma festa julina, no bairro do Botafogo. A equipe foi composta pelo repórter Felipe Freire e pelo repórter fotográfico Alessando Costa.

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 Entenda o caso:

Por volta das 23h50 deste domingo um adolescente de 17 anos foi baleado no abdômen durante uma festa julina em Botafogo, zona sul do Rio. O autor do disparo foi Rodrigo Paiva Freire, de 20 anos. O motivo teria sido uma richa entre os dois, desencadeada em janeiro deste ano, quando Freire teria sido agredido por amigos da vítima. De acordo com a polícia civil, o jovem chegou armado na festa, com uma pistola 380, supostamente comprada de um desconhecido por R$ 350,00. Após efetuar o disparo ele pegou um táxi em direção a Copacabana, onde mora. Horas depois o prédio foi cercado pelo 19° Batalhão. Freire foi preso sem resistência no corredor e confessou a autoria do crime, sendo autuado por tentativa de homicídio qualificado. Em depoimento da delegacia, alegou ter jogado a arma do crime em um canteiro. O próximo passo, segundo o delegado substituto da 13º DP (Ipanema), Carlos Abreu, é "fazer buscas pela arma e ouvir a vítima que está internada no Hospital Miguel Couto", salientou. A vítima passou por cirurgia e está em estado grave. Paralelo a isso entra hoje em vigor a lei 12.403 que prevê fiança para prisões preventivas com pena menor que quatro anos. Agora os juizes têm mais uma opção. Além de relaxar ou manter a prisão podem, também, aplicar medidas cautelares como tornozeleira ou pena domiciliar. A lei não se aplica ao caso de hoje porque homicidio prevê até 30 anos de pena.

Fotógrafo Alessandro no local do crime

Nós fomos até a delegacia (Ipanema) falar com o delegado, até o Hospital Miguel Couto (Gávea), casa do agressor (Copacabana), local do crime e casa da vítima (ambos em Botafogo). Abaixo imagens do momento em que Rodrigo foi apresentado a imprensa e dicas do repórter Felipe Freire para quem quer seguir pela área policial.

domingo, 3 de julho de 2011

Domingo é dia crucial para desempregados

Domingos aqui no blog serão dedicados a convidados. Toda semana alguém convidado por mim irá falar de algum tema. O convidado número 1 é meu amigo e colega jornalista, Ricardo Rodrigues. Hoje ele vai fala das dificuldades de um recém-formado. Assim como eu ele está na rua da amargura, sem ocupação remunerada fixa (vulgo trabalho). Todo profissional em início de carreira detesta o domingo, justamente porque não dá para procurar emprego. Para vocês terem ideia a necessidade é grande e a gente bota até os bichos de estimação paa procurar.O Fred, cachorro do Ricardo, é forte e firme nessa luta.


Segue o texto dele: @rickirodrigues / http://10coisasem365dias.tumblr.com/

Em busca de Oz

Não existem fórmulas muito prontas para encontrar um novo emprego. Até existem, mas não são para todos: 1) Talento 2) Indicação 3) Sorte. Como relatado no post anterior, eu não pude contar com o item 3, depois de estar no caminho certo. Mas enfim. O que passou já se foi, o negócio é seguir novamente a estrada de tijolos amarelos até achar Oz.

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Vou me permitir fazer essa metáfora em primeiro lugar porque é meu filme favorito de todos os tempos, O Mágico de Oz ultrapassou os anos consolidando-se como uma pérola da indústria cinematográfica, cuja belíssima história esconde dezenas de significados. Mas isso não é assunto para esse post.
Quando nos vemos diante da possibilidade de recomeçar, de partir do zero, a primeira coisa que passa pela cabeça é um temor, uma insegurança, como se estivéssemos diante de um lugar novo.  Dorothy, ao sair do Kansas em meio ao tornado, chegou em um lugar completamente estranho, repleto de cores (seu mundo era sépia), e precisou se contextualizar e descobrir aonde ir para tentar voltar para casa e, assim, resolver seus problemas.

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Dorothy precisava seguir a estrada de tijolos amarelos e chegar até Oz. Pois bem, estou na estrada amarela, mas ainda não sei bem para que lado fica Oz. E nem sei quem é Oz no meu caso. O que parece às vezes é que Oz fica bem longe do Rio Grande do Sul. Tá para nascer um mercado de trabalho mais fechado e cheio de “grupinhos” do que esse. Às vezes nem com muito talento. Aí você manda e manda e manda currículos, mas essa prática raramente dá certo. O negócio é esperar que apareça uma Fada Glinda e te ajude a achar o caminho. Não, isso só na película mesmo.

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Então você continua caminhando na estrada de tijolos amarelos. E ao contrário do filme, você descobre que na maioria das vezes não se pode confiar em todo mundo. Dorothy encontrou três figuras muito particulares no meio do seu percurso, o Homem-lata, que queria um coração, o Espantalho que queria ser de verdade; e o Leão que queria ser corajoso. Cada um lhe ajudou de um jeito, mas na verdade todos precisavam de ajuda. E isso acontece. Você acaba esbarrando com pessoas muito bacanas e importantes, e é ajudado e também ajuda. Mas esses três personagens acabam, no meu esquema de metáfora, se resumindo ao próprio desbravador das estradas amarelas. Você vai precisar de sensibilidade para não se deixar enforcar pela falta de ética existente em muitas pessoas e empresas (o coração), você vai precisar se impor e saber a hora de recuar ou avançar diante do que estiver no seu caminho (uma pessoa de verdade) e acima de tudo arriscar sempre que puder, porque caminho seguro nunca vai existir (coragem). E outra: tem muita Bruxa Malvada do Oeste por aí, esses vão sempre querer puxar o seu tapete, é só notarem que você está começando a encontrar Oz e se dar bem, portanto, fique sempre na sua e fique com os olhos bem abertos.
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Dorothy só queria voltar para casa no fim das contas. Um jornalista desempregado quer achar o seu lar, seja onde for. Romantismos à parte, Dorothy, a doce menina do Kansas, tinha razão, “There’s no place like home”. Neste caso, esqueça o lar favorito, e pegue a estrada que for preciso, mas atento ao que foi comentado acima. A Cidade das Esmeraldas é um privilégio que todo profissional de qualidade, ético e esforçado vai ter o privilégio de conhecer.

sábado, 2 de julho de 2011

O Rio é mesmo uma cidade maravilhosa

Estou no Rio desde a última terça-feira. Eu já havia vindo aqui há dois anos atrás e conhecido algumas coisas. O que mais me impressiona é que tive uma visão deturpada na primeira vez que pousei aqui. Acho que muito disso foi por não ter tido tanto contato com o carioca como estou tendo agora. O mundo passa pelo Rio e a troca de culturas muito influi em todo processo.O povo carioca é receptivo, dá informação sem você pedir, te ajuda.

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Ontem conheci a famosa noite da Lapa. A boemia escorre, a música invade, os sotaques se misturam. Amizades fluem, dança-se samba, funk, forro, dance, tudo vale. A casa que conheci se chama Rio Scenarium, uma mescla de antiquário e boemia, considerada um dos melhores bares do mundo. Hoje também conheci um ponto bem popular: o Saara. Na verdade já estive lá esta semana trabalhando mas voltei para explorar o ambiente. Nos vários estandes no centro do Rio encontra-se de tudo, tudo mesmo.

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TRANSPORTE: até agora só usei o metrô. Aparentemente funciona bem, ainda não peguei lotado e é rápido para te levar onde você quer. De onde estou, na Glória, percorro sete estações rumo ao trabalho em menos de 10 minutos, ao preço unitário de R$ 3,10.

ALIMENTAÇÃO: aqui nos restaurantes da rua onde estou tudo é "a campanha". Filé, frango, peixe. Depois a colona descobriu o que era isso. Nada mais  do que arroz, batata frita, carne e uma mistura de tomate, cebola e pimentão com azeite de oliva. Também dá para comer um salgado, tomar um açai, pedir uma quentinha com churrasco ou o meu preferido: supremo de frango com risoto da Choperia Vila Rica. Almoço até hoje foi com a equipe, onde deu.

HOSPEDAGEM: meus gastos são todos pagos mas para quem interessar estou em um hotel onde dá para se hospedar por menos de R$ 100. O quarto tem cama, frigobar, armário, escrivaninha, banheiro, ar condicionado, ventilador, café da manhã e internet wirelles e com fio incluida da diária. Quem não tem notebook pode usar um computador por R$ 2 a hora. E o mais importante: tem um pessoal atencioso demais.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A primeira vez a gente nunca esquece

Cheguei na redação bem tranquila, mal sabendo que seria minha primeira vez. Não pensem bobagem. Seria minha primeira vez em uma comunidade carioca. Partimos para a comunidade do Danon, em Nova Iguaçu, na chama Baixada Fluminense. Atravessamos a famosa Linha Vermelha e uma paradinha para o típico café na padaria, também para o kit de sobrevivência em morros: filtro solar + repelente contra mosquito da dengue. A pauta era mais uma de acompanhamento do “caso Juan”, o menino que desapareceu nesta mesma comunidade após uma operação da polícia no último dia 20. A previsão era de que cães farejadores ajudassem, já que havia denúncia de que o corpo podia estar em algum dos poços de água. 

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Não senti medo. Quem me conhece sabe eu não sou medrosa. Eu, o repórter Francisco Edson, o fotógrafo Fábio Gonçalves e o motorista Carlos subimos o morro acompanhando os policiais do Grupo de Operações de Inteligência da Corregedoria da PM (GOIC). Acompanhe nossa subida. O vídeo treme, óbviamente, porque eu estava andando e pisando em terreno íngreme, mas dá para sentir a emoção.



Como vocês viram no vídeo lá em cima estava a casa da vítima e tivemos sorte de encontrar o pai dele. Foi uma exclusiva. Ninguém antes havia conseguido encontrá-lo e nós o encontramos por acaso. Jornalismo também é jogo de sorte. Não vou exibir o vídeo com a entrevista dele por questões éticas. Ele está ameaçado de morte e tem medo das represálias. Outra coisa que aprendi: ainda existem profissionais éticos. O fotógrafo também não fez foto dele. Depois seguimos para a Delegacia de Homicídios de Belford Roxo, também na Baixada. Almoço no caminho, regado a muita discussão jornalística. Abaixo um trecho da entrevista com nosso grande (literalmente) repórter. Estamos no ar!