Domingos aqui no blog serão dedicados a convidados. Toda semana alguém convidado por mim irá falar de algum tema. O convidado número 1 é meu amigo e colega jornalista, Ricardo Rodrigues. Hoje ele vai fala das dificuldades de um recém-formado. Assim como eu ele está na rua da amargura, sem ocupação remunerada fixa (vulgo trabalho). Todo profissional em início de carreira detesta o domingo, justamente porque não dá para procurar emprego. Para vocês terem ideia a necessidade é grande e a gente bota até os bichos de estimação paa procurar.O Fred, cachorro do Ricardo, é forte e firme nessa luta.
Segue o texto dele:
@rickirodrigues / http://10coisasem365dias.tumblr.com/
Em busca de Oz
Não existem fórmulas muito prontas para encontrar um novo emprego. Até existem, mas não são para todos: 1) Talento 2) Indicação 3) Sorte. Como relatado no post anterior, eu não pude contar com o item 3, depois de estar no caminho certo. Mas enfim. O que passou já se foi, o negócio é seguir novamente a estrada de tijolos amarelos até achar Oz.
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Vou me permitir fazer essa metáfora em primeiro lugar porque é meu filme favorito de todos os tempos, O Mágico de Oz ultrapassou os anos consolidando-se como uma pérola da indústria cinematográfica, cuja belíssima história esconde dezenas de significados. Mas isso não é assunto para esse post.
Quando nos vemos diante da possibilidade de recomeçar, de partir do zero, a primeira coisa que passa pela cabeça é um temor, uma insegurança, como se estivéssemos diante de um lugar novo. Dorothy, ao sair do Kansas em meio ao tornado, chegou em um lugar completamente estranho, repleto de cores (seu mundo era sépia), e precisou se contextualizar e descobrir aonde ir para tentar voltar para casa e, assim, resolver seus problemas.
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Dorothy precisava seguir a estrada de tijolos amarelos e chegar até Oz. Pois bem, estou na estrada amarela, mas ainda não sei bem para que lado fica Oz. E nem sei quem é Oz no meu caso. O que parece às vezes é que Oz fica bem longe do Rio Grande do Sul. Tá para nascer um mercado de trabalho mais fechado e cheio de “grupinhos” do que esse. Às vezes nem com muito talento. Aí você manda e manda e manda currículos, mas essa prática raramente dá certo. O negócio é esperar que apareça uma Fada Glinda e te ajude a achar o caminho. Não, isso só na película mesmo.
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Então você continua caminhando na estrada de tijolos amarelos. E ao contrário do filme, você descobre que na maioria das vezes não se pode confiar em todo mundo. Dorothy encontrou três figuras muito particulares no meio do seu percurso, o Homem-lata, que queria um coração, o Espantalho que queria ser de verdade; e o Leão que queria ser corajoso. Cada um lhe ajudou de um jeito, mas na verdade todos precisavam de ajuda. E isso acontece. Você acaba esbarrando com pessoas muito bacanas e importantes, e é ajudado e também ajuda. Mas esses três personagens acabam, no meu esquema de metáfora, se resumindo ao próprio desbravador das estradas amarelas. Você vai precisar de sensibilidade para não se deixar enforcar pela falta de ética existente em muitas pessoas e empresas (o coração), você vai precisar se impor e saber a hora de recuar ou avançar diante do que estiver no seu caminho (uma pessoa de verdade) e acima de tudo arriscar sempre que puder, porque caminho seguro nunca vai existir (coragem). E outra: tem muita Bruxa Malvada do Oeste por aí, esses vão sempre querer puxar o seu tapete, é só notarem que você está começando a encontrar Oz e se dar bem, portanto, fique sempre na sua e fique com os olhos bem abertos.
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Dorothy só queria voltar para casa no fim das contas. Um jornalista desempregado quer achar o seu lar, seja onde for. Romantismos à parte, Dorothy, a doce menina do Kansas, tinha razão, “There’s no place like home”. Neste caso, esqueça o lar favorito, e pegue a estrada que for preciso, mas atento ao que foi comentado acima. A Cidade das Esmeraldas é um privilégio que todo profissional de qualidade, ético e esforçado vai ter o privilégio de conhecer.