Estamos em junho. São João. E já dizia Guimarães Rosa, referindo-se ao Nordeste, que "o sertão é em toda parte. O sertão é dentro da gente." Não, não pretendo contar causos sertanejos. O que quero dizer com isso é que cada um tem seus princípios, independente da situaçao que vive. (Filosofia barata). Nah! Estou ainda falando das gravações. Pois na primeira semana fui ver (ouvir também) histórias de pessoas que nem conhecem Vanilda mas que sobreviveram dignamente do salário mínimo assegurado por ela na Constituição. Daí você pensa: bando de vagabundos que sobrevivem do governo. Vão trabalhar. (Concordo com isso nesses bolsa tudo aí) mas este caso é diferente. Remédios para deficientes são caros, a mãe não consegue trabalhar e só tem direito os que ganham 1/4 do salário. (hoje R$ 136,25). #comofas?
***
Gravei com um monte de gente mas dois (os mais relevantes) coloquei na matéria. A primeira é a dona Jussara, moradora do bairro Mathias Velho (Canoas-RS), um dos maiores do país. Ela tem 10 (DEZ) filhos. A caçula, Nicole, bebeu água do parto e ficou com sequelas nos movimentos e fala. Foram tantas cirurgias que ela perdeu a conta, remédios, colégio especial. Tudo isso custa e o governo fecha os olhos. Outra mãe que conheci foi a Luciana, lá da fronteira com a Argentina. Ela tem 29 anos e 4 (QUATRO) filhos. Um deles também nasceu com problemas. Por falta de ácido fólico ele nasceu com mielomeningocele (ou coluna aberta). O tratamento só na AACD, em Porto Alegre. Óbvio que ela veio de mala e cuia e hoje ele está super bem. Até disse que sabe andar de muletas e eu não. (não é um amor?).
Jussara, família e nós |
***
Outras que me relataram que o salário deu o que comer e tirou as dores dos filhos. Tem preço isso? Aprendi a entender os deficientes mentais. Eles falam com o olhar, expressivos e muito inteligentes. O maior deficiente é quem tem preconceito. Te liga. Estamos no ar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário