domingo, 26 de junho de 2011

E você acha que está na pior?

As vezes é bom agradecer pelos mínimos confortos que temos: comida todo dia, cama individual, saúde, emprego (me vê um desses). A cada dia de gravações da reportagem especial foi uma lição de vida. Antes disso devo explicar qual era a pauta. Eu tinha a misão de fazer uma matéria de até 15 minutos mostrando como qualquer pessoa (até você que está aí sentado reclamando) pode fazer a diferença ao seu redor. E tem gente que reclama de tudo. Que o transporte é ruim, que o governo é corrupto, que a inflação está nos matando (que a mulher está gravida). Mas e o que você faz para melhorar? (toma cerveja no sofá?) Era isso que eu queria mostrar.

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Vamo começar pelo começo (jura?). Minha personagem central era a Vanilda Faviero. Dona de casa, sem ensino fundamental completo, com sete filhos sendo um portador de deficiência mental, marido alcólatra, poucas condições financeiras. Tinha tudo para só reclamar da vida. Sofria muito preconceito com o filho deficiente. Imagine ter deficiência mental há 50 anos atrás? Hoje já é difícil. Foi assistindo um telejornal que ela viu uma campanha onde cada cidadão brasileiro poderia sugerir leis para a Constituição de 1988. Foi a luta. Era necessário recolher 38 mil assinaturas para colocar em votação a ideia. Ela conseguiu 50 mil. A proposta foi aprovada maaas (lá vem o mas) tinha que ter mais algumas para que a lei vigorasse.


Vanilda, o filho Flávio e eu em uma das gravações

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Ela ia a Brasília e carona nos aviões da FAB, comia e dormia onde desse (quando dava), precisava convencer parlamentares, coseguiu encontros importantes com autoridades e o mais importante: conseguiu 1 milhão e 300 mil assinaturas. Apoio ela conseguia na mídia e até brasileiros de fora do país enviavam abaixo assinados. Toda essa luta durou quase 10 anos porque a lei que garante um salário mínimo a deficientes e idosos carentes foi regulamentada em 1996. Trata-se do artigo 203, inciso V, da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS). Então? Ainda pensas em reclamar da vida? Estamos no ar!

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